sábado, 16 de julho de 2011

Índios Tarahumara

 
Existem cerca de 70.000 que vivem na Serra Madre Ocidental no Noroeste do México. Vivem em pequenos grupos isolados no Canyon do Cobre. Eles fazem parte da linhagem índigena asteca Uto e estão estreitamente relacionados com os Apaches do sudoeste dos Estados Unidos. A área onde vivem é extremamente difícil, uma cadeia de cinco desfiladeiros profundos, rodeado por altas montanhas com quase 2.000 m de altura. Três dos cinco cânions são mais profundos que o Grand Canyon dos Estados Unidos. O terreno é muito acidentado e nunca foi completamente mapeado e explorado. Os Tarahumaras são semi-nômades e habitam em cavernas e fendas naturais uma parte do ano.
 

MELHORES CORREDORES DE LONGA DISTÂNCIA DO MUNDO
Estudos realizados pela Universidade do Arizona afirmam que eles são naturalmenteos melhores corredores de ultramaratonas do mundo. Em suas atividades normais diárias correm em média 26 km por dia. Para esses índios, correr é mais do que esporte, a corrida é literalmente a vida. Eles vivem em terras muito acidentadas e viagens de carroça ou cavalo normalmente são impraticáveis. É normal correrem de 50 a 60 km num dia.
 
PERSEGUINDO O COELHO
Muito comum em nossos hábitos esportivos, alguns atletas iniciam num ritmo mais forte até cansar. Pois naturalmente é assim que os Tarahumaras sobrevivem. Eles se destacam não pela velocidade, mas sim, pela resistência. Para capturar animais silvestres como veados, perus selvagens e coelhos, usam a tática de perseguir os animais até que estes caiam de cansaço. Durante muito tempo eram contratados por pecuaristas para caçar cavalos selvagens, presas fáceis após um “cansaço”.
CERVEJA DE MILHO
Os estudos médicos chegaram a conclusão que a resistência dos Tarahumaras esta baseada mais no condicionamento do que na hereditariedade, e as duas causas principais para sua incrível resistência seja o condicionamento físico e importância cultural. Alguns estudos destacam a importância de sua alimentação, baseada no milho, e chama a atenção o hábito de ingerirem uma grande quantidade de uma bebida que poderia ser chamada de “cerveja de milho”.
IDADE DA PEDRA
Estes índios são muitos distintos socialmente. Seu modo de vida mudou muito pouco nos últimos seis séculos, eles não valorizam o dinheiro e coisas materiais. São tímidos, sensíveis e vivem isolados mesmo dentro da própria casa. Só falam quando absolutamente necessários. Quando enfrentam um conflito, reagem passivamente não disputam com invasores (exploração da madeira) e esta prática é considerada uma das razões para sua sobrevivência, mas cada vez mais recuam na Barranca del Cobre em condições ainda mais adversas.
O TESGUINADO
É o evento social mais importante além das competições que envolvem corridas. Nesta ocasiões bebem grandes quantidades de tesguino, a cerveja de milho, até ficaram intoxicados. 90% das infrações sociais como adultério, brigas e até homicídios ocorrem no tesguinado. Ninguém é punido por qualquer infração pois a culpa recai sobre a bebida ingerida.
 

COMPETIÇÕES PÚBLICAS
Desde de 1992 os Tarahumaras tem sido levados para participar de competições públicas. Os resultados são inesperados, em decorrência do seu nível cultural, pela falta de apreço por premiação, por sua timidez e desconhecimento dos equipamentos utilizados. Em seu ambiente natural costumam correr descalço ou uma sandália feito de forma artesanal, com um solado de borracha de pneu velho.
Tem dificuldade com a hidratação e alimentação nas ultramaratonas pois culturalmente, ficam aguardando que sejam oferecidas, não tomando a iniciativa. Mesmo com todas dificuldades e principalmente o risco da exploração comercial de alguns empresários inescrupulosos, várias ultramaratonas nos Estados Unidos, foram vencidas por representantes Tarahumaras.

DICA DE LIVRO: NASCIDO PARA CORRER
Tudo começou com uma simples pergunta: “por que os meus pés doem?”. Para responder, no entanto, o jornalista Christopher McDougall teve que passar pela maior aventura de sua vida, entre personagens inacreditáveis num dos lugares mais remotos e perigosos do mundo. McDougall, um fã de corridas ao ar livre sofria com constantes problemas ao se exercitar. Quando procurou um grande especialista em lesões esportivas, ouviu o diagnóstico definitivo: “O corpo humano não foi projetado para esse tipo de exagero”. A partir dessa sentença, que parecia um tanto contraditória com a maioria das recomendações de saúde, o autor passou a procurar na ciência as respostas para a sua pergunta. No entanto, se quisesse uma solução verdadeira não poderia percorrer apenas laboratórios, mas teria que se embrenhar entre os desfiladeiros mais isolados do México, onde vivem os índios Tarahumara, os maiores corredores de todos os tempos. E é neste ponto que a vida do jornalista se transforma para sempre.Nascido para correr –a experiência de descobrir uma nova vida é um grande sucesso nos Estados Unidos desde o seu lançamento, que agora o leitor brasileiro pode conhecer pela Editora Globo. O livro conta a história desconhecida de um povo que habita a região de encostas e cânions inacessíveis na fronteira mexicana com os Estados Unidos. Eles são os melhores corredores do mundo, superando em muitas vezes a resistência de maratonistas experientes. Com a maior naturalidade, correm distâncias enormes, em condições inacreditáveis para qualquer atleta de elite. O problema é que – apesar de viver em perfeita harmonia entre seus membros – não gostam da visita de estranhos que quebrem seus ritmos de vida. Para conseguir o contato e a confiança dos Tarahumara, McDougall precisou passar por narcotraficantes perigosos e personagens que lembram fantasmas mitológicas do velho oeste. É o caso do misterioso Caballo Branco, o único que tem acesso aos índios ao mesmo tempo em que faz aparições nos vilarejos próximos. Escrito numa linguagem ágil e vibrante, característica do melhor etilo jornalístico dos grandes repórteres de ação, Nascido para correr tem o vigor da grande aventura aliada a um questionamento profundo. Os índios não parecem ser apenas imunes à dor e ao cansaço ao correr o equivalente a quatro vezes uma maratona nos piores terrenos e condições. Eles ainda compartilham de uma sociedade baseada na confiança mútua e nas trocas alegres com uma espécie de cerveja local, num clima de estrema serenidade. Os maiores atletas são também os mais pacíficos e gentis, e aqueles que nunca se machucam na atividade... Dos laboratórios de Harvard às montanhas mais remotas, até onde pode levar uma corrida? Ainda não tive a oportunidade de ler este livro, mas estou muito curiosa!

 

2 comentários:

  1. Parece um exemplo típico de adaptação evolutiva animal ao seu meio.A diferença é que parece acontecer de forma natural, sem a intervenção da ganância humana, por ainda conservar um raro isolamento geográfico.Tomara que o livro não contribua pra quebrar esse privilégio desse povo.

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Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá
as aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas
nossas várzeas tem mais flores,
nossos bosques tem mais vida
nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, a noite
mais prazer eu encontro lá
minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores
que tais não encontro eu cá
em cismar sozinho a noite
mais prazer eu encontro lá
minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá

Não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá
sem que desfrute os primores
que não encontro por cá
sem qu'inda aviste as palmeiras
onde canta o sabiá.

GONÇALVES DIAS