segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Este seu olhar...

Esta corujinha marcou o dia de hoje.
As 7 e meia da manhã ela se debatia com uma das asas enroscada na cerca de arame farpado.
Meu café da manhã ficou pela metade, fui tentar acabar com aquele sofrimento. E estava tão enroscada que tive que cortar um pouco da carne, o que me doeu muito, porém nem tanto quanto deve ter sentido ela.
Ao sair de carro pro trabalho e bem na manhã da minha defesa pública do artigo científico, vi um gavião pousado na cerca a menos de um metro da corujinha que agora livre do arame descansava no pasto.
Não pude deixar ela naquela situação fatalística. Desci do carro e voltei para colocá-la no tanque pensando que ali ela estaria a salvo até eu voltar do trabalho.
Meio dia ela havia saído dali e deixado um rastro de sangue que deixava em dúvida se ela havia mesmo saído com suas próprias patas e com sua única asa que lhe restava.

As 17 e 30 nem mais sinal da corujinha, eu estava muito triste. Quando de repente meu vizinho achou no pasto uma... A CORUJINHA!!!

Ela estava viva, me deixou pegar novamente, agora parecia que me conhecia. Achamos por bem passar um remédio veterinário cicatrizante na asa, até para espantar as moscas. 
Aí foi que aconteceu o mais incrivel, enquanto eu esperava no pasto estava com ela na mina mão a pesar de não segurá-la. Ela me fitava. Me olhava diretamente nos olhos de maneira fixa e ali ficamos olho no olho longos minutos.
Tive a sensação de olhar nos olhos de uma coruja viva, que me olhava tão profundamente que não tenho palavras pra descrever. Quando o remédio chegou e a máquina de fotografia ela ainda me mirava.
Incrível!

Agora torço por sua recuperação, pois somos amigas.
Como é bom ser amiga de uma coruja!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Por onde andei enquanto você me procurava.

Sempre há trilhas a serem feitas em Angelina. Cruzam-se cercas e abrem-se porteiras e prepara-se para subir morros de tirar o fôlego e disparar o coração.
A cada passo uma surpresa. Estas raizes aéreas por exemplo parecem não sentir medo de secar ao sol e estão decididas que um dia alcançarão o chão.


Angelina é um vale, o vale das graças como diz o povo. Neste lugar consegui ter idéia mais uma vez da geografia daqui, moramos numa grande valeta.

A vida está por todo o lugar, abundante. Os pássaros dão um show a parte. Eles me parecem sempre muito ocupados, porém livres.


E lá em cima das montanhas, um laguinho. Uma família de patos selvagens (um casal e seus oito patinhos) nadavam num momento só deles que a observadora aqui tentou não atrapalhar muito. A cena me absorveu por longos minutos. Já viu uma família de 8 filhos tomar banho de piscina todos juntos sem brigar, sem ninguem destruir nada e sem a mãe ou o pai vez que outra chamar a atenção corrigindo algo? Realmente harmonia igual a dos bichos selvagens na natureza é raro de ver. Eles estavam em seu Jardim do Édem.




Grandes árvores e suas barbas de pau impunham repeito para quem já criou raizes ali a muitos anos.

Em época de pega-pega isto deu uma trabalheira!
Até mais, um abraço!

Casca da flor de coqueiro


Esta é uma fruteira que fiz hoje com casca da flor de coqueiro.A casca é mais conhecida aqui em Santa Catarina por cascorra. Normalmente encontrada apodrecendo nos pastos tem muitas utilidades: Abajures, vasos, fruteiras ou carrinhos que descem os morros pilotados por crianças arteiras.  Nela está o olho que tudo vê.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Arte na Concha

Antes...
O homem repousa relaxadamente sobre a concha e contempla as estrelas até pegar no sono.
Quando ele acorda percebe quanto tempo perdido em frente a televisão. Onde mesmo estava ele?
Noites onde a natureza em espetáculo perfeito, nos lembra que somos uma pequeníssima coisinha no universo. Quanta verdade a noite nos inspira!

Depois...

A música abaixo é uma releitura de uma canção feita por minha sobrinha Daniela de Quadros, a Dãdã.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pipas


Soltar pipa já diz tudo na primeira palavra: soltar.
Assim como os bebês que arremeçam objetos para sentirem que algo partiu de si e atingiu um outro alcance, assim ao soltar pipas nos arremeçamos no céu.
Ali acima está um prolongamento de mim mesma. Veja onde voei!


Pipas e Filtros dos Sonhos, não vejo mera coincidência na semelhança.


Entretanto...
Vejo distorção na brincadeira quando se usa cerol, quando se quer ganhar ganhar e ganhar somando pipas decepadas como pontos ou troféus. Em tudo o ser humano pode colocar o elemento competição, porém a verdadeira alegria só desfruta quem consegue enchergar a gaiola pelo lado de fora.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

APRESENTAÇÃO

Todo filtro é especial e único. Cada um deles nos reflete algo que não pode ser racionalizado pela mente. São como fragmentos dinâmicos de espelhos. Ao contemplar um filtro, instantaneamente forma-se um caminho que nos leva ao nosso interior.  Quem assim souber observar, viajará numa experiência completamente particular indescritível. 
Os filtros não possuem utilidade e sim finalidade, portanto, são ARTE.
Quando os tambores tocam, surge com eles o vento e os sons. Nuances, formas tramam e retém. os espaços...vazios? Conduzem e são o silêncio das realizações.
E é só amassar bem que a massa muda várias vezes de textura. Preste bem atenção.

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá
as aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas
nossas várzeas tem mais flores,
nossos bosques tem mais vida
nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, a noite
mais prazer eu encontro lá
minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores
que tais não encontro eu cá
em cismar sozinho a noite
mais prazer eu encontro lá
minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá

Não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá
sem que desfrute os primores
que não encontro por cá
sem qu'inda aviste as palmeiras
onde canta o sabiá.

GONÇALVES DIAS